História concisa do Covid em Portugal – parte I

História concisa do Covid em Portugal – parte I

Os números de Covid estão a disparar de uma forma considerável, embora, estejamos, acho eu, ainda em condições, de os controlar.

É um pouco por todo o lado. Lisboa e Vale do Tejo como era de calcular, é a região com mais números. É lá que habitam e há maior concentração humana. Portanto, perfeitamente, compreensível e julgo que previsível (pelo menos para mim). Depois, bem depois, surgem determinadas regiões do País que não seria expectável que tal acontecesse. Como é o Alentejo, por exemplo. E pequenas povoações do interior com 4 ou 5 mil habitantes, o caso de Reguengos de Monsaraz. Mas está a acontecer. Para uns, a culpa é das pessoas que não cumprem o distanciamento social. Para outros, dos nossos políticos, que não deram o exemplo. Bem, seja como for, a culpa, é nossa. A ordem não importa. É um assunto sério demais, para se querer agora, encontrar culpados. No entanto, não podemos desassociar este combate ao vírus, ao que, é a nossa forma de ser e estar. 

História concisa do Covid em Portugal – parte I


O País não tem dinheiro. Isso não é nem era novidade. Ao contrário do que os nossos governantes diziam (que eles sabem e sabiam que era mentira) o País não estava assim tão bem do ponto de vista financeiro e económico.

A ação do governo no início do combate á pandemia, nem foi boa, nem foi má. Foi a que tinha que ser. Não tínhamos experiência nenhuma e somente uma necessidade: procurar encontrar equilíbrios entre o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a necessidade de cuidados da população. 

E assim aconteceu. Aconteceu, e correu bem. Os nossos hospitais tiveram taxas muito reduzidas de internados (felizmente), ajustou-se quase tudo, para que os mesmos, tivessem condições para trabalhar, caso, um pico, acontecesse.
De uma forma geral, a população, acolheu bem a necessidade de uma quarentena. Os profissionais de saúde, bem como, outros profissionais indispensáveis ao funcionamento confinado do país, excederam-se. Deram e continuam a dar o melhor de si. O esforço, sacrifício o seu profissionalismo, são inquestionáveis! Não há forma de retribuir tal postura, de tão enorme que foi e, está a ser.

Os números de Covid estão a disparar de uma forma considerável, embora, estejamos, acho eu, ainda em condições, de os controlar.


Como é normal, esta pandemia, traz maior visibilidade ao SNS do que a outras áreas. Ficou mais que provado, que em Portugal, as necessidades e carências são gritantes. Ficou a nú o estado “Roto” do nosso país. Não temos, nem tínhamos nada! Felizmente, temos mão-de-obra. Temos profissionais, dos melhores do mundo. E em todas as áreas. Sem os meios dos países ricos e desenvolvidos, com o esforço de todos (profissionais e população) conseguimos minimizar os danos, que se adivinhavam, preocupantes.

Começamos a ser reconhecidos internacionalmente por este feito. Um reconhecimento mais que merecido. Bem … mas depois … era necessário mais! Era necessário tratar da economia e finanças. Era necessário dar o passo para o regresso à vida ativa. Voltar a colocar o país a funcionar. É aí que surge, uma classe profissional, menos boa. Era a altura dos políticos darem o mesmo que receberam da população e dos profissionais, que infelizmente, lhes foi retirada vida, família e que, devido ás suas profissões, tiveram que estar na linha da frente. Era necessário planeamento. Era necessário seriedade. Era necessário inteligência. Era necessário, eles próprios, superarem-se. Mas não! O baixo nível, de tudo, foi patente.

Os disparates começaram. Os interesses políticos, de amizades e lóbis, foram mais fortes. A total incapacidade para realizar um trabalho com poucos recursos, tal como os profissionais e população vez, ficou e, está patente. Era necessário habilidade, para sem ovos, fazer omeletes. O ministro das finanças, foi o primeiro a fugir - Em linguagem militar, diz-se e recomenda-se: em tempo de guerra não se mudam generais. 

História concisa do Covid em Portugal – parte I


Regressando um pouco ao início deste meu texto, os culpados somos todos nós. A ordem não interessa. Mas … há sempre um “mas”. É sempre necessário que um exército tenha comandante. Tal como um país, necessita de ter, quem o comande. Ao comandante, pede-se, em primeiro lugar, conhecimento do seu exército (população). Depois, do inimigo e do terreno de combate. 

Em meados de Abril, quando era necessário, tudo concentrado, no definir da estratégia necessária para o desconfinamento. Começa-se a notar a incapacidade, para lidar com tal acontecimento. Os factos são de todos conhecidos (uns concordam, outros não), no entanto, irei mencionar alguns deles, como forma de exemplo, do que um general, nunca deve fazer. 

  • A simbólica comemoração do 25 de Abril de 1974, poderia e deveria ter sido realizada, de forma completamente diferente. Não estava nem nunca esteve em causa, a importância do 25 de Abril de 1974, nem os seus valores, mas sim, a forma de comemoração. Tivemos aí, da 2ª figura de Estado, o Presidente da Assembleia da República, afirmações desastrosas. “Não estamos no Carnaval, para andarmos mascarados”, “era o que faltava, não ser feito, como eu quero”.

  • Surge o 1º de Maio. Também aqui, não está em causa a importância e o significado desse dia. Mas estando o país debaixo de Estado de emergência, obrigatoriedade de confinamento no país todo. Proibição de circulação entre concelhos, com ordem de prisão para quem não cumprisse. É claro, que o que aconteceu, demonstra uma total falta de rigor. Atenção que nestes meus comentários, não está presente, qualquer tipo de tendência política, somente, interpretação de acontecimentos. Depois, passado 2 dias e de ter analisado as críticas de milhares de portugueses, surge o Presidente da República a dizer: “Quando autorizei a manifestação do 1º de Maio, não tinha noção, que poderia juntar tanta gente” - Sopas depois de almoço - como diz o povo. Ou então … uma caça aos votos. O Professor não é assim tão ingénuo. Se o é, não deveria estar no lugar que está.         

  • Depois, foi o caso dos festivais de verão e a redefinição do significado de “festivais”. A festa do Avante, fica de fora das proibições. Surge claramente no “exército” (população) a certeza, que o general, não trata de igual forma todos os soldados.  

  • O fim do estado de emergência, trás uma mensagem, bem clara. Já podemos sair, passear e “turiscar” - “Faça turismo cá dentro, visite o nosso país”, “ajude o comércio local”. Como exemplo, temos o Primeiro-Ministro a almoçar com o Presidente da Assembleia da República num restaurante em Lisboa, para passar a mensagem de que já é seguro ir ao restaurante. O Presidente da Republica, a beber uma imperial, num ajuntamento popular, e sem, qualquer tipo de proteção. Depois abrem as praias e logo no 1º dia, voltamos a ter o PM e esposa na praia da Costa da Caparica. O PR em Cascais … os espetáculos autorizados somente a uns, como é o exemplo, do Campo Pequeno e do espetáculo do Bruno. Claramente, a lei não foi aplicada, nem cumprida.      

E é assim … claro que todos temos responsabilidades. Claro que todos temos culpa. Mas a fase de desconfinamento, não está a correr bem. E não está, porque o seu planeamento é e foi, fraco! A mensagem que foi transmitida, foi errada! 

E agora? Bem agora, começasse a falar de multas altas para quem não cumprir. Não é com multas e punições (mal estaremos quando assim tiver de ser) que se vence esta luta! Continuamos a ter uma classe profissional (políticos) de muito baixo nível, que constantemente aplica a ameaça de coimas e multa para fazer cumprir a lei. Não dá o exemplo. O povo já não respeita as suas recomendações. Não é assim que uma sociedade se muda, cresce e se desenvolve... não é mesmo! Também não é com egoísmo puro e duro da população, que se avança!

Um pai fumador, não pode proibir os seus filhos de fumar! Não é depois de uma festa que se penaliza! É antes! Dar o exemplo, educar, sensibilizar para que, ela não aconteça. Depois de acontecer … já se transmitiu o vírus para uma comunidade! O que adianta? 

Um abraço virtual a todos, aos bons e já agora, também aos maus profissionais.  



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