Mas afinal, o que Significa uma Auditoria Forense?
Uma das promessas de André Villas-Boas aquando da candidatura a presidente do FC Porto, entre outras, era a realização de uma auditoria forense ao clube e à sociedade desportiva. E fez!
Mas o que é uma Auditoria Forense? “Uma Auditoria Forense é definida como uma abordagem meticulosa e sistemática para investigar e analisar informações financeiras e não financeiras, com a finalidade de detetar e provar fraudes, corrupção, má gestão, e outras irregularidades”.
Transparência e Verdade: Os Pilares da Auditoria Forense
Sendo assim, se há coisa que me fascina é esta nossa mania lusitana de espreitar pelo buraco da fechadura. Não é por voyeurismo, note-se, mas por esta curiosidade insaciável que temos sobre o que se passa “lá dentro”. No entanto, quando o assunto é auditorias forenses, parece que a fechadura é tapada com um pano. E isso, convenhamos, é um erro que nos sai caro.
Uma auditoria forense é, em boa verdade, o mais próximo que temos de um raio-X à alma financeira de uma instituição. Pode ser uma empresa, uma organização pública ou até mesmo uma instituição de solidariedade social. Não importa. Trata-se de ir ao fundo da questão, com lápis azul e olhos de lince, procurar tudo aquilo que é desviado, escondido ou, muitas vezes, simplesmente malfeito. O princípio basilar é o da transparência e da verdade, por mais dolorosas ou inconvenientes que elas sejam. O objetivo? Encontrar a raiz do problema, não para apontar dedos, mas para corrigir rumos.
Coragem ou Medo? O Desafio de Abrir os Armários
Ora, em Portugal, falar de auditorias forenses é como falar da confissão num país sem padres. Todos sabemos que é necessário, mas poucos têm a coragem de o fazer. Porque no fundo, o maior desafio não é encontrar os erros – esses estão lá, sempre estiveram. O verdadeiro ato de bravura é decidir abrir as portas e deixar que os esqueletos caiam dos armários. Esse, caros amigos, é o passo que separa os gestores medíocres dos verdadeiros líderes.
As auditorias forenses têm um papel tão vital quanto ignorado. Devem ser vistas como um ato de higiene organizacional, como lavar as mãos ou escovar os dentes. E é aqui que reside a grande ironia: todos sabemos que é preciso, mas é raro vermos as instituições a admitirem publicamente que estão dispostas a passar por esse exame rigoroso.
A Responsabilidade de Todos Nós
Todos nós cidadãos atentos, analistas, comentadores e jornalistas, temos também, a nossa culpa no cartório. Quando se fala de auditorias, preferimos focar-nos nos escândalos, nas perdas e nos culpados. Mas não seria mais produtivo celebrar a coragem de quem decide fazer essa limpeza? Afinal, não é isso que mais falta nos faz? Se cada instituição, pública ou privada, decidisse fazer uma auditoria forense de tempos a tempos, com a devida publicidade e com a coragem de enfrentar as críticas, talvez tivéssemos um país mais confiante e menos desconfiado.
Na próxima vez que ouvirem falar de uma auditoria forense, não fiquem presos aos números, às falhas ou às manchetes. Pensem, antes, no que significa para uma organização decidir abrir-se ao escrutínio. Pensem na força que é necessária para admitir que se pode e deve fazer melhor. Porque é disso que se trata: não de caçar bruxas, mas de limpar o caldeirão.
Auditorias Forenses: A Chave para a Confiança no Sistema
Imaginem só o que seria, se de 3 em 3 anos, as nossas instituições publicas fizessem uma auditoria forense? A começar pelos Governos da Republica (Governo Central, Autárquico e Legislativo), terminando nos milhares de Institutos públicos que estão na sua alçada. As prisões em Portugal, deveriam ser as instalações públicas com maior afluência de “clientes”.
Elogio à Coragem: O Exemplo de André Villas-Boas
Parabéns André Villas-Boas pela tua coragem! Talvez, exista alguém que te siga, e veja o tão importante é realizar uma auditoria forense, começando pelo povo que em vez de manifestações sem sentido, digam: Queremos uma auditoria forense aos nossos governos! E sim, é necessário encosta-los à parede! Digo eu que não percebo nada disso …
Paulo Brites
2025.01.17
0 Comentários