Soneto ao Fevereiro e a Promessa da Primavera
Fevereiro desponta, azul e brando,
com luz que já não é de puro inverno.
No ar discreto um cheiro vai vibrando,
promessa de um renascer eterno.
O vento é leve e traz, num sopro mudo,
a voz primeira da estação que vem.
E eu, que em sombras sempre vejo tudo,
sorrio, sem saber ao certo a quem.
Mas sei que há vida além do que lamento,
que há flores mesmo antes de as querer,
que há sol sem ser preciso um pensamento.
E assim, na luz dourada e sem temor,
respiro este fevereiro a renascer,
e creio, por instantes, no esplendor.
Paulo Brites
Fev/2025
Terena - Alandroal - Alentejo - Poemas
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