“Afinal somos bons amigos”, dizem as operadoras de telecomunicações Imagem: Recorte de notícia do Jornal de Negócios |
“Afinal somos bons amigos”, dizem as operadoras de telecomunicações
Ah, o mercado das telecomunicações em Portugal. Um verdadeiro espetáculo de circo, só que, infelizmente, sem palhaços engraçados. O que temos por cá são três gigantes das telecomunicações a pavonearem-se pelo país, imunes, soberanas, com a delicadeza de elefantes numa loja de cristais.
A NOS, a MEO ou ALTICE (já nem sei!) e a Vodafone – já nos habituaram ao seu “joguinho” de preços elevados e serviços que parecem um daqueles carros de luxo comprados em segunda mão: bonitos por fora, mas só com metade das funcionalidades a funcionar e um motor que se engasga a cada curva. E, claro, tudo isto sustentado pela inevitável máxima do "eu quero, posso e mando."
Durante anos, a trindade sagrada das telecomunicações portuguesas viveu sossegada, no seu reino de clientes cativos e insatisfeitos. Inventaram todo o tipo de desculpas para as tarifas desproporcionais e as ofertas mal estruturadas, quase sempre com uma elegância de prestidigitadores políticos: "Ah, é a infraestrutura", dizem eles, enquanto faturam valores que dariam para construir uma fibra ótica até à lua. "Ah, é o investimento em novas tecnologias," como se estivessem a reinventar a roda sempre que instalam mais uma torre 5G.
Durante anos, foi um jogo de cartas marcadas. MEO, NOS e Vodafone dominavam tranquilamente, oferecendo pacotes complexos e preços altos, numa espécie de dança bem ensaiada onde, no fundo, ninguém incomodava ninguém. Os clientes, esses, ficavam sem alternativas reais e à mercê das grandes operadoras, que mantinham os preços elevados e os contratos blindados. O mercado era como um clube fechado, onde a concorrência existia apenas em teoria e as mudanças eram, na melhor das hipóteses, cosméticas.
Os primeiros sinais de mudança
Os primeiros sinais de mudança já se refletem na Bolsa de Lisboa, onde as ações das três grandes começaram a deslizar. Não é uma queda vertiginosa, mas é suficiente para que estas gigantes comecem a perceber que os tempos de “eu quero, posso e mando” podem estar a chegar ao fim. Até agora, bastava-lhes seguir o seu ritmo, confiantes de que os clientes não teriam outra escolha. Mas com a chegada da DIGI, uma operadora que promete preços mais justos e uma oferta transparente, os consumidores finalmente veem uma luz ao fundo do túnel.
Um misto de incredulidade e choque instalou-se no mercado, e foi ver os três titãs a estrebucharem como miúdos a perderem um brinquedo favorito. A DIGI chegou com a promessa de preços mais baixos, sem rodeios nem pacotes combinados de coisas que ninguém pediu. E, de repente, os nossos poderosos das telecomunicações começaram a mostrar que, afinal, não são assim tão indestrutíveis.
Para nós clientes, uma nova esperança
Para nós clientes, esta entrada da DIGI representa não só uma alternativa concreta, mas também a esperança de que a concorrência real possa baixar preços e melhorar o serviço. A verdade é que, enquanto o mercado se ressente e as ações destas operadoras inchadas caem, assistimos ao que pode ser o melhor espetáculo de comédia dos últimos anos. Finalmente, parece que alguém veio tocar a campainha e fazer com que os donos do pedaço percebam que os consumidores, afinal, podem ter opções. Que temos limites para a paciência, e que nem sempre acreditamos no embrulho publicitário. Porque, ao que tudo indica, a era do "eu quero, posso e mando" está a chegar ao fim – e não há nada que a NOS, a MEO e a Vodafone possam fazer para travar o vento de mudança.
Este novo capítulo não garante que as mudanças serão imediatas nem revolucionárias, mas há um sinal claro: o mercado português das telecomunicações está, finalmente, sob pressão. E, se há algo que as grandes empresas sempre entenderam, é que um concorrente determinado e clientes insatisfeitos podem transformar o mercado. Que este seja o primeiro passo para uma era de preços mais justos e um serviço verdadeiramente competitivo.
Em jeito de conclusão
O mais irónico de tudo? É que agora esses 3 embustes, já começaram a dizer-nos: Afinal somos bons amigos; Afinal, já somos parceiros há quase 30 anos! Uma vida que não é agora por chegar uma “coisa” nova e fora da “caixa” vá destruir a nossa grande e profunda amizade!
Bem, só eu, nos últimos 2 dias, já fui alvo de telefonemas agradecidos pela minha fidelização e com novas propostas de “pacotes” menos inchados e uma baixa dos valores mensais. O problema é que na realidade o seu “pacote” continua a estar demasiado inchado para o meu gosto pessoal … gosto de “pacotes” mais harmoniosos!
Em jeito de conclusão: falta-nos agora o nosso (des)governo vir a terreiro informar tão nobre povo que devido à baixa da receita do IVA nas telecomunicações, será necessário a criação de um novo imposto para compensar a perda … já acredito em tudo!
Paulo Brites
2024.11.07
Atualidade - Texto - Opinião
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