Efeméride do dia: Nascimento de Amândio José Ribeiro, Inventor do RIJOMAX


Efeméride do dia: Nascimento de Amândio José Ribeiro, Inventor do RIJOMAX


Efeméride do dia: Nascimento de Amândio José Ribeiro, Inventor do RIJOMAX



Faz hoje, dia 18 de novembro, 112 anos sobre o nascimento de Amândio José Ribeiro, grande Mestre relojoeiro que inventou e construiu o "Rijomax” - O relógio, ainda hoje, mais completo e extravagante do Mundo (engraçado, é Português e, a maioria de nós, nem o conhece – Nem o relógio, nem o relojoeiro). 


Uma verdadeira obra-prima de engenhosidade e paixão pela relojoaria, criada por um mestre autodidata, Amândio José Ribeiro (1912 – 2002), na pacata vila de Tabuaço, Portugal. Este relógio transcende a função prática de medir o tempo e, tornou-se um marco de inovação e precisão, que impressiona tanto pela complexidade técnica quanto pela visão de longo prazo.


Um Legado de Precisão e Gênio


Com 150 quilos de peso e mais de 16.000 letras e algarismos distribuídos em múltiplos mostradores, o Rijomax não se limita às horas e minutos. É uma ferramenta abrangente que engloba ciclos temporais passados, presentes e futuros. Na sua programação tem a capacidade de abranger um período de 6.272 anos, com funções que incluem: Indicação de feriados, festas móveis, dias santos e signos astrológicos. Exibição de estações do ano e dias específicos. Cálculo de ciclos solar e lunar, funcionando como um calendário perpétuo altamente sofisticado. E não menos importante - Correção das diferenças entre o calendário gregoriano e o tempo solar - atingindo um nível de precisão raríssimo.

Além disso, o relógio é equipado com recursos utilitários como barómetro, termómetro e um indicador de pontos cardeais, integrando-os ao domínio da relojoaria prática e científica. Curiosamente, há ainda um detetor de chamadas, um toque de modernidade inserido neste artefacto histórico.


O Tempo e a máquina do Sr. Ribeiro


Houve na criação do Rijomax, esse nome de reis sonâmbulos e relógios de um reino que nunca foi, uma coisa tão absurdamente portuguesa quanto o próprio tempo. O tempo que, cá entre nós, nunca foi linear. O tempo da sardinha na brasa, que demora menos que o tempo do bacalhau no forno. O tempo das procissões intermináveis e do silêncio das igrejas, onde um segundo é sempre mais longo do que numa praça cheia de gente.

E no meio dessa confusão, aparece-nos o Amândio José Ribeiro, inventor por vocação, relojoeiro por alma, um homem que decidiu, numa madrugada qualquer de ideias febris, que os relógios de horas redondas e contagens iguais não bastavam para nos contar o que é a vida. A vida, ele sabia, não cabe num sistema imposto pelos ingleses, esses tipos precisos que inventaram horários para os comboios e para os chás. O Rijomax não. O Rijomax é nosso, é humano. É, acima de tudo, profundamente falível como só a nossa existência sabe ser.


O Legado do Tempo Português


Imagine-se, a história do tempo. Começou com os egípcios, talvez, ou com os babilónios, pessoas que mediam as sombras das coisas como quem espera que a vida as atravesse mais depressa. Depois vieram as clepsidras, onde o tempo escorria como areia molhada pelos dedos. E mais tarde, no século XVII, os relógios mecânicos surgiram para colocar o tempo no compasso de uma marcha militar. Um tempo rígido, que nos colocava numa prisão de ponteiros, ordenando-nos como soldados de chumbo.

Mas o Sr. Ribeiro, esse génio obscuro de um Portugal também ele esquecido, viu a falha em tudo isto. Ele sabia que o tempo não era uma linha, mas um redemoinho. Uma espiral que nos engolia e cuspia, às vezes num nascer do sol demorado, outras num piscar de olhos que rouba décadas. Então inventou o seu relógio, o Rijomax, para recontar essa história, para fazer o tempo dançar ao ritmo da humanidade e não ao som de uma fábrica inglesa ou de um calendário juliano.

O Rijomax tem um brilho de milagre. Não porque fosse melhor que os outros relógios, mas porque é verdadeiro. Porque nos faz lembrar que o tempo, no fundo, é uma invenção como a guitarra ou o fado. E o Sr. Ribeiro, como um Fernando Pessoa de engrenagens, poetizava os ponteiros. O Rijomax não marca apenas horas; marca a espera de uma mãe à janela, o andar arrastado de um velho pelas calçadas, a pressa insuportável de quem vai perder o último barco.


O Tempo, Esse Português Errante


Se Newton nos deu a gravidade e os suíços os relógios de precisão, foi o Sr. Ribeiro que nos devolveu o tempo português. Um tempo em desalinho, mas glorioso, como só o nosso pode ser. Agora, que Portugal é o nosso? Onde se perde o tempo do tempo das coisas. Que Portugal somos nós, quando é mais importante dar destaque à data de nascimento de um qualquer jogador da bola (sem desprezo) e, esquecemos o tempo de nascimento de um homem como Amândio José Ribeiro?

O tempo e os tempos que vivemos, não merecem que se tenha orgulho no tempo que este País já tem! Muito temos que rever, neste tempo que os tempos são esquecidos!   


NOTA: Também há o lado positivo, pelo menos não se cunhou uma moeda mal parida como se fez com Luiz Vaz de Camões!


Paulo Brites
2024.11.18


Fotografia – pinterest – autor desconhecido

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