A época dos camaleões sociais

A época dos camaleões sociais

Vivemos numa época, em que o melhor nome para a definir é: A época dos camaleões sociais.

Actualmente o pensar pela própria “cabeça” é algo raro. Vamos atrás do que é socialmente correto. Com o avançar das redes sociais e a globalização, a nossa sociedade, está mais preocupada em causar “boa impressão”.

Até poderia dizer que escondemos os nossos sentimentos, opiniões e pensamentos, mas não! Começo a acreditar que não escondemos! Começo a acreditar que não os temos!

É mais importante ser aceite e ter a aprovação dos outros, do que, defendermos as nossas ideias e pensamentos.  É como se um retrocesso à época do mercantilismo, fosse ou seja, o melhor de/e para nós! Esquecemos que tal forma de ser e estar, vai provocar, efeitos nefastos na nossa dignidade pessoal.

A época dos camaleões sociais


Recordo um filme de Woody Allen, chamado “Zelig”. O seu protagonista era capaz de mudar completamente a sua aparência, para que, se conseguisse adaptar a qualquer ambiente. No entanto e no final, um jovem psicanalista percebe o verdadeiro problema de Leonard Zelig. A sua insegurança! Que o leva a esconder-se entre as pessoas, para que, se sinta aceite e integrado.

É o que se passa de uma forma geral na sociedade Portuguesa actual.

Todos os dias temos causas novas a defender ou a atacar. As redes sociais vieram dar lugar a que, tal comportamento camaleónico existisse ou se, potenciasse.

Ontem foram os polícias e os GNR. Antes, tinham sido os camionista, os professores, os enfermeiros … os coletes amarelos … enfim, tudo o que, depois da "geração à rasca” se sucedeu.

Os adeptos das políticas e ideologias de esquerda, quando os seus partidos não apoiam esses movimentos, chamam-lhes de “fascistas”. Por outro lado, temos os de “direita” que dizem: mas se os de esquerda podem fazer, nós também podemos e, vá de lhes chamar Marxistas-leninistas, vulgo, comunistas.

E assim vamos! Os sindicatos estão mais preocupados neste momento, na sua própria sobrevivência. Receiam que os trabalhadores descontentes se multipliquem em movimentos cívicos autónomos e, que, eles – sindicatos – passem à história. Portanto, quem não está com os sindicatos e sindicalistas, são capitalista e/ou fascistas.

Por outro lado, parece que, só os simpatizantes de políticas e ideologias de esquerda têm direito a manifestações, pintar fachadas das universidades, ou mesmo dizer o que lhes convém. Caso contrário, se um qualquer simpatizante de direita faz o mesmo, é fascista e neo-nazi. Até se esquecem se é ou não correto! Se é ou não importante! Se é ou não uma causa a defender. E se, é justa, necessária, ou não!

Se se utiliza o braço direito para demonstrar desagrado, são nazis. Se se utiliza o braço esquerdo, são Leninistas. Seja o que se fizer, há sempre uma conotação pejorativa por parte de quem não concorda, apoia, ou não participou de alguma forma.

Depois temos a comunicação social, que se esquece que a sua função e papel, é dar a notícia! Quanto à opinião, essa deveria ser do leitor! Mas não … eles dão a notícia e a opinião!

Claro que, também temos, os oportunistas políticos! Esses infelizmente, estão em todo o lado! Certo que, quando um movimento é apartidário, o desespero deles é tanto, que tudo o que vier é bem-vindo!

Temos depois, os camaleões, que consoante o que vai acontecendo, dão a sua (ou a dos outros) opinião. Matam-se em comentários nas redes sociais, ofendem-se de toda a forma, mas na verdade, nem sabem do que falam!

Chegamos ao ponto em que um simples cidadão se disser: “eu gosto mais da cor branca”, é de imediato chamado e apelidado de racista. Se dizemos que temos um cão rafeiro alentejano que guarda o monte e que, só come 1 vez por dia, maltratamos os animais e somos uns filhos da Maria Madalena. Se nesse mesmo monte alentejano, temos uma gataria em que a alimentamos de 2 ou de 3 em 3 dias, somos uns selvagens e criminosos!

Mas … ajudar uma mulher sem-abrigo, não! E se ela num acto de desespero faz uma loucura (que também condeno) é de imediato apedrejada e julgada sem qualquer respeito, não por ela e pelo seu acto desumano, mas pelo estado social em que um País de bem, a deixa estar. No entanto, a montante, estão organizações governamentais com conhecimento da realidade mas que, nada fizeram ou fazem, para evitar situações dessas. Essas instituições que nos consomem milhares de euros de impostos, são desculpadas porque, o sistema é burocrático, já estava referenciada e coiso e tal! E mais, porque esses camaleões atacam de imediato, para defender o seu arbusto. 

No actual momento parlamentar português, temos 2 partidos mais à direita, que são chamados de “fascistas”! Sim é verdade, defendem algumas causas, muito próximas da direita à direita. Mas também em sentido inverso, temos 2 partidos mais à esquerda que o que defendem, não é muito diferente! Em alguns casos até imperialistas são, esquecendo que o Brasil, é uma nação livre desde 1821.

Vamos deixar de ser camaleões sociais e começar a ser um pouco mais sérios, honestos e principalmente, pensar pela própria cabeça. É urgente, falar, discutir, debater e dar vida a “coisas” que de facto nos tragam uma mais-valia e uma aproximação, ao que, afinal, todos queremos: uma vida melhor e mais digna. A causa que nos deve unir, é o combate á corrupção que minou por completo este País! E essa corrupção só se combate se existir união.

Talvez, quem sabe, se esta forma de ser camaleão social, não seja, uma forma encontrada para defender o que nos consome e destrói: Cooperativismo, lobbies e corrupção!

Que sejamos nós próprios com os nossos defeitos e virtudes e não, meros camaleões sociais! 


Esta publicação foi originalmente publicada em https://paulobrites.blogs.sapo.pt/


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