O Alentejo, o dia mundial do meio-ambiente e o lugar de Fortes

O Alentejo, o dia mundial do meio-ambiente e o lugar de Fortes   

Hoje, dia 5 de Junho de 2020, é o dia mundial do meio-ambiente. Tento escrever algumas palavras, mas elas, não saem!

Há dias, no Árctico Russo, um derrame de uma central termoeléctrica, provocou, o declarar do estado de emergência por parte do Presidente Russo. 20 mil toneladas de produtos petrolíferos, irão demorar décadas, para que se limpe e se restabeleça o ecossistema do rio Ambarnaya. Claro, se tal fosse possível. Mas não, nunca mais se irá conseguir recuperar de um acontecimento desses. Falo deste acontecimento, somente, porque foi o ultimo grande, que tenho conhecimento.

O Alentejo, o dia mundial do meio-ambiente e, o lugar de Fortes


Mas, os atentados ambientais, estão por todo o lado e por todo o planeta. O Alentejo, não é excepção. Embora, felizmente, ainda existam pequenas manchas (muito poucas e de dimensão reduzida) onde a natureza ainda é o que era, ou o mais próximo, dela.

Sobre os atentados ao meio-ambiente no Alentejo, poderia, falar de muitos e muitos casos. Um deles, é um parque que tem por nome, Parque Natural do Sudoeste alentejano e costa vicentina. Bem, muitos falam que o litoral alentejano é lindo. Outros, que o Parque Natural foi “uma coisa bem feita”. Outros dizem que … e mais que … e ainda que! Claro, quem fala sobre isso, não conhece. Já conheceu! E não conhece, porque ele (o Parque Natural) já não existe fisicamente. Só tem o nome. As estufas e a ganancia humana, terminaram com ele.  

Nos últimos anos, o Alentejo, com a chegada da água do lago de Alqueva, tem sido alvo do maior atentado ambiental da sua vida. Falo dos novos olivais e amendoais. Para quem defende tais plantações, aconselho, uma visita á região de Jaen, a leste da Andaluzia. Tenho a certeza, que a opinião favorável ao suposto desenvolvimento alentejano, rapidamente, seria alterada. No entanto, também sei, que quem o defende (o novo olival) são essencialmente dois grupos de pessoas: Os que somente pensam na exploração financeira. E os que, nunca saíram da sua “Aldeia”.

Com os novos olivais, houve necessidade, de implantação de indústrias que os explorem. Nesse contexto, por exemplo, surgem unidades fabris de queima de bagaço de azeitona. Fortes em Ferreira do Alentejo e, Alvito, são as mais importantes. Sobre isso, somente direi, há 2000 anos atrás, até os romanos, em Aljustrel (na época Vispaca) depois de se aperceberem dos problemas ambientais que a queima do minério, retirado das minas (para retirar os metais), estavam a ser prejudiciais á população da Villa, resolveram, deslocar esses fornos de queima, para uma zona mais afastada da população. Ao mesmo tempo, alteraram a queima da pedra, pela moagem – era menos poluente.

Se os romanos há 2000 anos viram isso, porque raio, hoje, não vimos o que se passa no lugar de Forte em Ferreira do Alentejo? Para os interessados, deixo aqui um bom artigo do blog Navegantes de Ideias, que fala sobre isso (clique aqui para ler). Deixo também uma mensagem a todos os habitantes de Fortes. Não parem de lutar!

Bem … termino como comecei! Hoje, dia 5 de Junho de 2020, é o dia mundial do meio-ambiente. Tento escrever algumas palavras, mas elas, não saem! No entanto, lembro de um poema de Alberto Caeiro, que gosto particularmente. Aqui fica


O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no Mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...



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