Manifesto de um "Louco" sobre o nosso Património: Caminhos Antigos para um Futuro Novo

 

Manifesto de um "Louco" sobre o nosso Património: Caminhos Antigos para um Futuro Novo


Manifesto de um "Louco" sobre o nosso Património: Caminhos Antigos para um Futuro Novo



Quando em 2010 sugeri num fórum politico e cultural que a aposta da ciclovia e da rede de caminhadas (conhecida por trilhos e passadiços) deveria ter em conta as conhecidas vias romanas e medievais e que nelas se investisse de forma a ligar os diversos patrimónios existentes de norte a sul e de leste a oeste, o que iria contribuir para a sua salvaguarda, divulgação e até aproveitamento social, cultural, turístico e económico, fui chamado de louco. Mas de louco mesmo louco! Daqueles em que é necessário internamento clinico! 



Trilhos, Passadiços e Ciclovias: Oportunidades desperdiçadas e milhões ao vento


Passaram estes anos todos com milhões de euros deitados ao lixo, sem qualquer critério nem aproveitamento (não falo de todos é claro) e continuo a pensar da mesma forma! Recuperar antigas vias, romanas e medievais, em terra batida e, com elas, ligar o património existente, de certeza que ajudaria na sua preservação.


Vias romanas e caminhos medievais: a espinha dorsal de uma rede nacional patrimonial


Em alguns casos e troços, nem consigo imaginar o potencial turístico, económico e cultural que isso iria trazer e fomentar! Muito do património que temos está completamento disperso e sem grandes condições para nele realizar um verdeiro e útil investimento. O retorno não é fácil, portanto, apelar aos mecenas, é uma pura fantasia, para não dizer hipocrisia! É em primeira instância, um investimento público – O Estado está em todo o lado menos onde deveria estar! 


Um museu vivo a céu aberto: património como experiência, não como relíquia


Tanto património que faria um necessário museu vivo para o manter! Onde todos nós pudéssemos usufruir da sua existência! E com isso divulgar e valorizar culturalmente e historicamente quem o visitasse! Um modelo de rede nacional patrimonial de trilhos, começando por identificar os principais eixos históricos como vias romanas e caminhos medievais, património ao longo desses eixos, e zonas com potencial para ligação e revitalização.


Uma ideia ignorada, ridicularizada, mas mais atual do que nunca


Para além de preservar património muitas vezes abandonado ou vandalizado, a criação de uma rede nacional patrimonial de trilhos, interligados, baseado nas vias romanas, medievais e caminhos históricos, iria:

. Educar sobre a história viva de Portugal, sem a necessidade de estar fechado num museu;

. Atrair turistas e caminheiros nacionais e internacionais que procuram experiências autênticas;

. Reequilibrar o território, longe do centralismo urbano;

. Valorizar zonas rurais e despovoadas com emprego e dinamização local, o que iria dar ao interior uma excelente oportunidade de “VIDA” e com isso combater a interioridade; 


Para além da utopia: um projeto realista, necessário e possível


Mas planear “uma coisa assim”, criando um verdadeiro mapa nacional para caminheiros, ciclistas, amantes da natureza e investigadores científicos (de todas as áreas), que investisse na cultura, património e natureza, para além de trabalho, seria necessário muita capacidade e visão e, claro, conhecimento científico - Ouvir e escutar quem na verdade percebe do assunto. 

Mas o pior de tudo: Teria que existir uma grande sintonia, principalmente entre o poder central e o poder autárquico! O que, claramente, duvido que exista nos atuais decisores políticos cá do nosso burgo … para não dizer que nunca seria um projeto a desenvolver em 4 anos de legislatura! O voto é mais importante, portanto, é pensar no imediato!

E o resultado é este! Mas pior que a falta de manutenção, é a destruição que não pára de forma nenhuma! E o louco sou eu!


Imagem e noticia que deu origem a este meu desabafo:


Paulo Brites
2025.04.19

Património - Cultura

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