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Ontem vi um filme |
Ontem vi um filme. Nada de extraordinário nisso. Vejo muitos filmes. Filmes da indústria cinematográfica, porque dos outros, já há algum tempo, que deixei, de ter tempo, para eles.
Quem me conhece bem, sabe a minha relação com o cinema. Eu
sou uma pessoa com uma memória muito boa, sou extremamente ágil na memorização,
quer seja visual, auditiva ou sensorial. Sou e tenho, muita capacidade de
memorizar e de, assimilação. Também sou uma pessoa com um bom nível de perspicácia.
Mas há sempre um mas! Em relação ao cinema, desde sempre, tenho tido uma falha
enorme. Eu não consigo memorizar nomes de atores, nomes de filmes, enredos cinematográficos
e muito menos, filmes. Vejo um filme sempre como se fosse a primeira vez. Não
consigo lembrar de cenas, de finais … pura e simplesmente, mesmo que veja um
filme várias vezes, e até tenha sido há dias atrás, volto a ver, como se da
primeira vez se trata-se. Não é algo que me preocupe! No entanto, é algo que me
intriga. Preocupava-me sim, se isso, acontecesse com outras coisas. Mas não! De
forma geral, só no cinema me acontece. E felizmente!
Bem, estava eu a dizer, ontem vi um filme.
Foi um filme de 1990. Embora sem memória, sabia, que já o
tinha visto, há alguns anos atrás. A parte boa desta minha incapacidade, que roça até uma falha,
merecedora quem sabe, de algum estudo de avaliação psicológico ou clinico, é
que, há medida que a idade vai avançando, também nós avançamos na vida. A forma
como vimos e analisamos um filme, tem uma relação direta, com a nossa
realidade, forma de pensar, estar e sentir.
Ontem vi um filme
A mensagem que este filme em particular transmite, é quem
sabe, para a maioria das pessoas, uma grande história de amor. Bem, para mim,
também transmite isso. Mas há sempre um mas.
O mais importante da sua mensagem, não é o amor! É
claramente a mensagem de que, ninguém é tão rico que não tenha nada para
receber, nem tão pobre, que não tenha nada para dar. O amor, não é borboletas
no estômago. Não é aquele friozinho que se fala! O amor, é sentir que, quem
connosco está, nos transforma.
Do nada, descobrimos, que a vida, é mais do que aquela que
pensamos ser a melhor. Que é bom comer um cachorro, andar descalço na relva,
dançar à chuva … equacionar tudo o que fazemos ou temos. É permitir uma
mudança. É até, algo, que nos faz, perder os nossos medos. Por isso, desconfio,
de quem diga: tenho medo de voltar a amar.
Ele surge do nada. Vive do nada. Cresce do nada. Até que,
num momento, vimos e sentimos, que aquele ou aquela, nos completa! Faz-nos ser
melhores pessoas, até mesmo, faz-nos pensar: que pobre vida eu tinha!
O amor, não acontece. O amor, permite-se!
Na vida, há sempre
um momento, em que por qualquer motivo e, sem aparente relação, esbarramos ou
conhecemos alguém. Muito diferente ou até parecidos. No caso deste filme em
particular, nada os unia! Aliás, tudo os separava. Foi um “calhar” da vida que
os colocou frente a frente.
O amor surgiu, mas não por borboletas no estômago. Não
porque tinham socialmente interesses em comum. Não porque tinham vivências
semelhantes. Bem pelo contrário, tudo tinham, para que, nem sequer se
cruzassem, tal era a distância, que os distanciava.
A mensagem que retirei do filme, não foi o amor! Nem essas
lamechices da paixão. Foi algo que procuro e que está, acima do amor! Sim, há
algo acima do amor! Foi a incrível mudança que aconteceu!
O rico ficou mais rico, o pobre, mostrou que é bom ser
pobre. O amor, é aquilo que nos transforma, sem preconceitos, sem valores pré
definidos. O amor não trás borboletas, o amor transforma-nos. O amor, não é um
sentimento. O amor é uma abertura! É uma
forma de nos fazermos melhores pessoas. O amor, é a amizade! Poderemos encontra-la
de muitas formas. Poderemos ser seres semelhantes ou completamente opostos. Não
importa. Poderemos ter ou não, gostos idênticos. Pensamentos que se encaixam, ou não.
Podemos ser feios ou bonitos … coxos ou marrecos. Não
interessa! O respeito que deveremos ter para com o outro, é o início e, base de
uma amizade. Sem uma boa personalidade, sem capacidade de análise de nós próprios.
Sem olhar para o que nos rodeia. Sem a capacidade de perceber o lugar do outro.
Sem abertura para a mudança; A amizade não surge. A amizade não se transforma
em amor e, a vida, sem amor, não tem o mesmo sabor!
Eu quero momentos! Todos os dias! Momentos que nos façam, crescer!
Melhorar! Que nos tornem, um ser humano por excelência. Quero crescer, quero
sorrir, quero dançar, quero caminhar! Mas não quero um amor! Quero ser feliz!
Quero alguém que me transforme! Quero alguém que me
acompanhe! Que me complete. Quero alguém que me mostre tudo isso! Mas quero,
uma coisa, bem mais importante: Que por ser uma pessoa assim, me faça também eu,
o ser assim, para ela. Não quero um amor para a vida! Quero um amor! Que por
ser bom, não permita, que outro amor, surja ou aconteça. Que não exista espaço
para isso!
Nunca há amor nas borboletas. O amor, está no céu, nas
nuvens, na água, na terra, nas flores, nas árvores, nos passarinhos. Está na
praia, está na montanha, está até, no deserto. Está em todo o lado! Menos, nas
borboletas! Também não está no coração! Está entre nós!
Fazendo referência a uma frase que me foi enviada ontem, por
uma pessoa amiga, uma citação de Jean de La Fontaine, é um pouco isso a vida: Se não estás bem, escolhe um novo caminho! Até que um dia, os caminhos deixarão
de interessar! Já não olhas para eles! Somente, para quem, segue, ao teu lado.
“As pessoas encontram
o seu destino em caminhos que escolheram evitar"
Quanto ao filme, que interessa o seu nome ou título? Para
nada …
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