Portugal e o turismo. Comédia? Ou mesmo só pobreza de espírito?

 

Portugal e o turismo. Comédia? Ou mesmo só pobreza de espírito? 

Para quem viaja algumas vezes por ano, não é fácil, neste momento, eleger um sítio para se passar uns dias. Se já lá tivemos, temos sempre lembranças e experiências menos boas. Se desconhecemos, temos receio de ser mal tratados e “roubados”. Claro que falo na generalidade. Há sempre exceções, felizmente. 

Portugal, tem uma atividade económica extremamente dependente de um sector. O turismo! Se é bom ou mau? Nunca se deve meter os ovos todos no mesmo cesto, já diz o povo. Mas isso, é outro assunto.

O turismo, é importante em todos os países e sociedades. A sua importância, não é somente, económica ou financeira. Vais bem mais longe e é bem mais abrangente. É o turismo que nos faz “crescer” a alma, o espirito. O conhecimento. Que nos desenvolve. Que nos eleva a autoestima. Que nos faz ser empreendedores e criativos. Que nos faz ser inovadores. Que nos cria a necessidade de evoluir. É e sempre foi, algo, importante.

Portugal e o turismo. Comédia? Ou mesmo só pobreza de espírito?


Não irei recuar muito no tempo! Há umas décadas atrás, todos esperavam pelos chamados, na altura, caixeiros-viajantes. Eram eles que traziam as novidades. Eram eles que transmitiam às populações isoladas, pensamentos, acontecimentos, ideias e novidades em todos os sentidos. Por isso, não havia nenhuma cidade ou pequena aldeia que não esperasse por eles. Eram sempre muito bem recebidos. Também há poucas décadas atrás, essa possibilidade de conhecimento, era transmitido, especialmente e em particular, pelas bibliotecas itinerantes. Quem de nós, não se lembra de esperar com ansiedade, pela chegada, da conhecida carrinha da Fundação Calouste Gulbenkian. Poderia recuar até ao início da humanidade! Mas não é necessário! O turismo e as viagens, sempre estiveram presentes.

Em Portugal, não existe planeamento a nível nenhum. Ultimamente, parece, que a exceção, é a corrupção. A corrupção e o jogo de interesses, é talvez, a única atividade em Portugal, que tem um bom planeamento. 

Temos as nossas localidades completamente abandonadas. Estragamos e destruímos património urbanístico e cultural, de forma, completamente estupida! Criamos aberrações nos centros históricos, sem qualquer critério. Não que elas sejam más. A sua localização, é que o é!
 
Temos sol, gastronomia, praia e simpatia para receber, os estrangeiros. Mas só temos isso! Património edificado está parcialmente ao abandono! Património cultural quase não existe! Temos uns museus que poderiam ser dos melhores do mundo, mas só existem, pela carolice de alguns curadores. Temos tudo e não temos nada!

Este ano, e devido ao Covid, estão a ficar a nu, todas essas questões! Maltratamos os nossos, mas, pedimos-lhe que nos ajudem com o turismo cá dentro. Vamos para regiões turísticas e, somos maltratados e mal recebidos.

Os autocaravanistas, são expulsos de quase todos os lados turísticos. Dizemos que eles, só estragam e não deixam valor acrescido. Colocamos sinais de trânsito com proibições, que nem existem no código da estrada. Taxamos os campistas, com preços, que muitos deles, se assemelham a verdadeiros roubos -  cobram mas não oferecem qualidade para os preços pedidos. Na restauração, ser português, é ser filho da puta. Nos turismos rurais, muitos deles, querem um ordenado mínimo, por um fim-de-semana. Em qualquer buraco, é criado algo, com o símbolo AL.

Para quem viaja algumas vezes por ano, não é fácil, neste momento, eleger um sítio para se passar uns dias. Se já lá tivemos, temos sempre lembranças e experiências menos boas. Se desconhecemos, temos receio de ser mal tratados e “roubados”. Claro que falo na generalidade. Há sempre exceções, felizmente.

Mas afinal, que andamos nós a fazer? Que queremos? De onde vimos e para onde vamos? 

Comer uma pizza no Algarve? Um hamburger em Lisboa? Ou como disse o nosso Primeiro-Ministro: comer choco frito em Setúbal, e depois um geladinho em Cascais ou uma queijadinha em Sintra, isso tudo, com o passe único na grande Lisboa. Ter que telefonar a um funcionário público para entrar num museu de uma pequena localidade? Visitar ruinas com aviso de perigo de derrocada e falta de manutenção e limpeza? Centros históricos dos lugares populacionais simplesmente abandonados e desprovidos de qualquer vida? Ter que levar uma geleira com bebidas frescas porque os preços praticados não permitem ao português o seu consumo? Ouvir constantemente comentários que este ou aquele lugar, não nos recebem bem? Ver constantemente GNR a fiscalizar e, multar autocaravanas? Assistir ao roubo de parte da nossa costa litoral, para se fazerem resort`s de luxo? Proibir sem qualquer alternativa aqueles que pagam os impostos na compra de caravanas por exemplo? Assistir ao esbanjamento de dinheiros públicos com sinalização de proibição, que nem constam, no código de estrada? Enquanto, as sinalizações das estradas nacionais, estão completamente ao abandono? Gastar milhares de euros em praias fluviais numa qualquer barragem? Sem critério?

Mas afinal, que andamos nós a fazer? Que queremos? De onde vimos e para onde vamos? 

Temos sempre uma alternativa! Espanha, França … Itália … e por breves momentos, um passeio, de um dia, cá pelo burgo!

Acordem! Não deixem destruir o que levou 900 anos a criar! O turismo não é só dinheiro nem passeio! 

O turismo é uma das coisas, que nos faz, crescer como seres humanos! O Turismo é a forma de mostrar quem somos, o que fizemos, e o que queremos fazer! E eu, acredito, que ser português é ser grande! 

Boas viagens, boas férias e sim, não adormeçam.



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