Parabéns à mãe e a todas as mães

 


Hoje acordei muito bem-disposto! De tal forma, que até consegui raciocinar antes do café e do cigarro; Não é todos os dias que isso me acontece! Tenho dias, em que, somente após o planeta terra girar à sua volta por 60 minutos, o consigo!


Mas sim, hoje é um dia diferente! Um dia que me faz viajar a um tempo que não vivi! Faz-me viajar até 1943. Depois desse ano a terra já circulou vezes sem fim à volta do sol e não só. Muitos minutos, dias e anos e, a isso se chama tempo! Vamos somando transladações da terra que em muitas vezes, confundimos com precessão dos equinócios! Erradamente é claro! Os equinócios e os solstícios são acontecimentos completamente diferentes!

Ao que se chama crescer, não é mais do que um acumular de equinócios e solstícios. Um contar da rotação da terra! Claro que existem pessoas em que a mutação do eixo da terra parece que é da sua propriedade, e que, são elas que dominam esse acontecimento. Outras há, que nem se preocupam com tal acontecimento! Eu sou uma delas …

Para mim, o que determina a nossa idade nunca é “as voltas” que a terra dá ao sol! Nunca é o somatório dos equinócios e solstícios! O que determina a nossa idade é a beleza como vimos o cruzamento do sol/terra com o equador celeste! Isso sim, é o que determina a nossa idade! A beleza de ver e ser!

Poderemos ter nascido em 1943, mas isso, não nos faz velhos! Parabéns! Já são alguns equinócios e solstícios!

Passei de imediato para 1969; Foi aí, que dou por mim a conseguir raciocinar antes do café e do cigarro! Foi o ano em que o homem pela primeira vez, chegou à Lua! Um sonho realizado! Foram milénios de cálculos, sonhos e desejos! Mas chegaram! A isso se chama juventude do querer!

Quando se viaja entre duas datas é bom! É bom sentir que a idade está no espírito e, não nos números! É bom sentir que nada nos pesa no somatório das voltas da terra ao sol!

Há algumas voltas atrás, escrevi umas palavras que há muito são o meu sol. Ser velho ou novo, não é uma fatalidade ou um destino! Ser velho ou novo é uma opção!


Acorda … a corda!
Porque não há danças, há música
não há arte, há artesanato
não há cultura, há folclore
não há fotografia, há imagens
não há cinema, há imaginação
não há teatro, há representação
não há religião, há superstição

Acorda … a corda!
Porque não há distâncias, há querer
não há viagens, há passeios
não há comida, há fome
não há pecado, há personalidade
não há “línguas”, há dialetos
não há céu, há espaço
não há nuvens, há água condensada
não há matemática, há lógica e números
não há medicina, há doença
não há politica, há poder
não há guerra, há armas
não há filosofia, há divagação
não há países, há divisões

Acorda … a corda!
Porque não há estradas, há caminhos
não há olhos, há visão
não há ouvidos, há audição
não há barulhos, há sons
não há sonhos, há desejos
não há mágoa, há dor
não há “história”, há passado
não há amores, há complementos
não há atração, há carência
não há beijos, há vontades
não há abraços, há necessidades
não há traições, há infidelidades
não há mentiras, há falta de verdades
não há sexo, há prazeres e orgasmos

Acorda … a corda!
Porque não há poetas, há sofrimento
não há livros, há escritores
Não há loucuras, há prazeres
Não há drogas, há vícios
não há vida, há viver …
e um dia a corda parte e tu nem acordaste!

Paulo Brites


Texto originalmente publicado em https://paulobrites.blogs.sapo.pt/



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