Acorda … a corda! - Ensaio Poético
Acorda … a corda!
Acorda … a corda!
Porque não há danças, há música
não há arte, há artesanato
não há cultura, há folclore
não há fotografia, há imagem
não há cinema, há imaginação
não há teatro, há representação
não há religião, há superstição.
Acorda … a corda!
Porque não há distâncias, há querer
não há viagens, há passeio
não há comida, há fome
não há pecado, há personalidade
não há “línguas”, há dialeto
não há céu, há espaço
não há nuvens, há água condensada
não há matemática, há lógica e números
não há medicina, há doença
não há politica, há poder
não há guerra, há armas
não há filosofia, há divagação
não há países, há divisão.
Acorda … a corda!
Porque não há estrada, há caminho
não há olhos, há visão
não há ouvidos, há audição
não há barulhos, há som
não há sonhos, há desejo
não há mágoa, há dor
não há “história”, há passado
não há amores, há complemento
não há atração, há carência
não há beijos, há vontade
não há abraços, há necessidade
não há traições, há infidelidade
não há mentiras, há falta de verdade
não há sexo, há prazer e orgasmos
Acorda … a corda!
Porque não há poetas, há sofrimento
não há livros, há escritor
não há loucuras, há prazer
não há drogas, há vício
não há vida, há viver …
e um dia a corda parte e tu nem acordaste!
Paulo Brites
2017
Praia de São Torpes - Sines - Poemas - Paulo Brites
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